Existe um ponto a respeito da
minha personalidade o qual preciso entender melhor e a respeito do qual costumo
recorrentemente fazer julgamentos errôneos. Eu já tentei diversas vezes mudar
de estratégia, mas sempre que o faço, sinto que estou traindo a mim mesma.
Não me restou outra saída senão
abraçar esse aspecto meu (hora de aplicar, portanto, as queridas auto compaixão
e auto aceitação) e olhar para ele com um olhar mais carinhoso, o que é ótimo e
tem tudo a ver com ser o meu “Best self”.
Muito embora eu me confunda
diversas vezes, porque eu tenho a mania de ser muito modesta (e isso chegou a
um ponto prejudicial), na verdade o que eu faço é ser incorrigivelmente honesta
em demonstrar o que eu quero, o que eu desejo, e o que eu sonho (e eu faço isso
sem o menor esforço) ao mesmo tempo que tento ser diplomática.
Eu estou falando de ser corajosa.
Eu sou transparente e sou aberta
e isso pode ser confundido com várias coisas. Quem não se der o tempo de me
conhecer vai fazer um julgamento superficial de mim e achar que eu sou muito
carente.
Eu percebo que eu sou muito
diferente da maioria das pessoas que conheço, mas vez ou outra acontece um
encontro de almas que confirma a minha tese. Embora a minha auto estima, nem
sempre alta, nuble a minha percepção sobre mim mesma e sobre o mundo, a verdade
é que eu tomo muito mais atitudes corajosas do que covardes e talvez seja o
momento de reconhecer isso.
Eu sou muito resiliente.
Quantas vezes dei início a
conversas na tentativa de resolver problemas, ou trabalhar uma situação
difícil? Eu fui proativa, eu lutei pelo que eu queria sob o risco de ser
encarada como a chata.
E quando eu resolvi não me
acomodar e fazer um segundo curso na tentativa da construir um futuro melhor
pra mim, investindo também no meu crescimento pessoal? Justo Direito, um curso
que eu via como algo distante de mim.
Eu terminei um relacionamento
longo, em que eu gozava de uma estabilidade financeira razoável para voltar pra
casa dos meus pais e recomeçar vários aspectos da minha vida do zero. Foi mérito
meu sim notar uma desconexão, buscar uma reconexão, reconhecer que ela não
aconteceu e fazer um favor pra nós dois, porque eu me importava com uma
felicidade legítima.
E quando eu, ao invés de ficar
estocando dinheiro, ou gastando com bens materiais de segunda categoria,
resolvi comprar uma experiência maravilhosa de vida em outro país? Eu sei que
as duas opções são boas (ficar com dinheiro ou partir e viajar, eu reconheço
meu privilégio, mas partir exigiu, sim, coragem).
Exige coragem admitir que se está
errando em algo, que já que você tem feito as mesmas coisas sempre não é
possível esperar resultados diferentes. Exige coragem sim rever seus conceitos,
suas crenças, olhar pra dentro, se olhar no espelho e mudar de opinião. Ser
flexível, aberta e assumir que você pode estar errada.
Faz parte de um plano de
autenticidade.
Eu tenho buscado incessantemente
me livrar de relacionamentos abusivos, contornar práticas culturais opressoras
e pensado constantemente em uma forma de construir uma carreira que seja ao
mesmo tempo significativa e rentável.
Tem sido uma loucura buscar o
amor (em mim, mais do que fora de mim). Somos geralmente muito mais duros
conosco do que com os outros, mas isso não é outra coisa senão uma bela
hipocrisia... Tenho tentado, portanto, deixar que o amor flua de uma maneira
mais leve, observando meus pensamentos negativos e meu medo de rejeição.
Tenho tentado perceber quando
dizer algo difícil a alguém é um gesto de gentileza, é necessário ou é verdade.
Enfim... Todos os meus esforços pessoais no sentido de fazer não só da minha vida mais significativa, mas da vida daqueles com quem convivo (ainda que isso signifique deixá-los em paz), é passível de ser reconhecido como um ato de generosidade.
Faz parte de notar o valor daquilo que se faz e um exercício de gratidão pela vida que se vive.